quarta-feira, 25 de junho de 2014

VALE A PENA?

Olá babies!! OI? Alguém aí?

Ok, fiz o que tinha prometido não fazer nunca. Abandonei o blog :( Pior, prometi voltar a escrever e abandonei de novo! Já sei, confiança perdida nessa blogueira, eu mesmo já teria parado de acompanhar! Mas bom, hoje decidi (e tive disposição e tempo) voltar a escrever. Vou deixar o post sobre o St. Patricks pra depois, primeiro quero falar sobre outra coisa.

Esse post está circulando na minha cabeça já tem um tempinho. Não tenho tido muita vontade de escrever esses dias, mas hoje as palavras ficaram na minha cabeça e não me deram sossego, então decidi finalmente colocar os pensamentos no papel ops, tela do computador. Levando em consideração o quanto minha mémoria é falha, eu deveria estar escrevendo sobre as viagens, mas vou esperar pela inspiração para poder fazer isso (pois é, até pra descrever uma viagem eu preciso de inspiração ¬¬).

Então, acredito que a grande questão para a maioria das pessoas em relação ao Ciência Sem Fronteiras é a seguinte: Vale a pena, academicamente falando, 'perder' um ano estudando fora? Vale a pena pospor sua vida de trabalhador remunerado por um ano? ou para alguns, 'Vale a pena estender a sua vida de acadêmico por mais um ano?' Especialmente para nós de medicina, essa pergunta tem sido feita muitas vezes. Muitos intercambistas ficam revoltados quando escutam a expressão 'perder um ano'. Eu realmente acho esse questionamente tão natural e razoável que não me causa nenhum ressentimento. Por essa razão, vim aqui descrever o que, para mim, são algumas das vantagens acadêmicas do intercâmbio. Sim, pode ser que você já saiba de tudo o que eu vou falar, mas a visão que eu tenho estando aqui é diferente da que tinha estando em Recife, mesmo quando já estava segura da decisão de vir para o UK.

Estudar em um país estrangeiro tem um impacto imenso não só na vida acadêmica, mas no desenvolvimento pessoal também. Completei 5 meses estando em terras alheias e já sinto esse impacto, mas vou deixar pra falar sobre isso mais para frente. Hoje quero falar da parte acadêmica da coisa :)

1) Falando inglês. Claro que nem todos que participam do programa vão para países de língua inglesa, então leia-se aqui falando uma nova língua. Sem exagero, saber falar inglês é simplesmente abrir um leque de novas fontes de estudo. Não vou nem falar do fato que essa língua permite uma comunicação com pessoas do mundo todo e, consequentemente, tem um impacto cultural tremendo. Se você já teve que fazer revisão de literatura para algum trabalho, vai entender o que estou dizendo. Boa parte do material acadêmico produzido NO MUNDO está disponível em inglês. Ter o domínio da língua inglesa simplesmente vai te dar acesso a um monte de estudos que, em outra situação, estariam inacessíveis para você.

2) Se familiarizando com a produção científica. Isso casa com o item acima, mas é um outro aspecto. Pode não ser a situação de todo mundo, mas eu durante esses dois anos e meio de faculdade não fui tão estimulada a ler artigos acadêmicos como nesses 5 meses aqui. Estudar por artigos científicos simplesmente é regra por aqui. Cada trabalho feito envolve uma miríade de leituras, muito além do livro-texto sobre o assunto. Estudar por artigo requer prática, é uma linguagem diferente e maravilhosa, porque é muito estimulante. Para vocês terem uma ideia da importância disso, quanto mais conhecimento extra você demonstrar em suas respostas na prova, maior a pontuação. Ou seja, adeus ficar lendo os slides do professor. Mesmo o livro dado como referência não vale muito. O importante é demonstrar que você teve a iniciativa de ir além da base dada em sala de aula.

3) Estágio. Ai, o estágio. É muito amor gente. Estou vivendo um período de felicidade imensa aqui porque consegui um orientador maravilhoso que não só me deu um projeto no qual trabalhar como me permitiu ter acesso ao hospital. Sim, estou acompanhando ambulatório e é como um sonho feito realidade. Eu provavelmente devo fazer um post sobre as diferenças que observei entre o sistema de saúde daqui e de Recife, mas hoje quero falar mais dos aspectos técnicos da questão. Gente, vocês não imaginam quanta gente eu já conheci com o estágio. Médicos mesmo. Isso são contatos pessoal, coisa muito importante para qualquer profissão. Outros colegas estão fazendo pesquisas de ponta e tendo acesso a laboratórios de primeiro mundo, quando que no Brasil você teria essa oportunidade? Fora isso, tem a parte de aprendizado do estágio mesmo, estou vendo coisas aqui no ambulatório que provavelmente nunca veria no meu hospital. Por isso, o estágio é uma parte muuuuuito importante do intercâmbio.

4) O curso. Bom, quem faz medicina no Brasil não conseguirá fazer medicina aqui (até onde me consta). Você provavelmente irá fazer outros cursos e, no meu caso, faço o curso de Biomedical Sciences. Tive 3 cadeiras essa último semestre (e, graças a Deus!, passei em todas as matérias): Clinical Biochemistry, Vascular Biology e Neuroscience. Fora revisitar muito conteúdo que eu já tinha esquecido, tive acesso a assuntos dos quais nunca sequer tinha ouvido falar! Vascular Biology foi um mundo novo. Confesso que algumas coisas são chatas e voltar às moléculas é sempre maçante, mas existiu um aprendizado e foi significativo. As provas também são um aprendizado à parte, um sistema de avaliação bem diferente. Ainda não formei uma opinião sobre a eficácia do tal sistema, mas que você aprende a estudar de outra forma, aí aprende!

Claro gente, essa está sendo minha experiência, na Queens. Outros estudantes podem ter diferentes experiências, obviamente, mas eu achei que precisava fazer esse post. Para mim, a resposta ao título desse post será sempre um sonoro SIM :D

Depois venho contar as mil coisas que tenho pra contar! Mas me perdoem o sumiço mesmo, estou trabalhando das 9 da manhã às 5 da tarde todo dia, então chego cansada em casa :D

Bjocas e até mais!

#molezanuncamais
#hospitalfeelings *_*